O Brasil precisa da Amazônia em euforia econômica e não em depressão

Ocupando 60% do território brasileiro e abrigando uma das maiores florestas tropicais do mundo, a Amazônia Legal abrange nove estados do país e ainda tem o grande desafio de ser vista e entendida como região estratégica para a economia e desenvolvimento do Brasil. O alerta foi reforçado pelo prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, em nova publicação em sua página no Facebook.

“O Brasil precisa entender que necessita de uma Amazônia em euforia econômica e não em depressão. E isso levará à compreensão da relevância do parque industrial não poluente – e fundamental para a preservação da floresta – instalado no Distrito Industrial de Manaus. Sugiro a qualificação do debate, para chegarmos às decisões mais acertadas”, aponta Arthur em trecho de seu artigo.

O chefe do executivo municipal de uma das capitais mais desenvolvidas da Amazônia pondera ainda que a valorização da região, bem como do modelo Zona Franca, é benéfica não apenas para o Amazonas, mas ao Brasil e com ‘repercussões planetárias’. “A Amazônia é terra Brasil, porém de interesse mundial vital. O Brasil precisa saber tirar proveito desse fato, credenciado por uma governança responsável”, diz Arthur.

Em sua série de artigos, com repercussão nacional não apenas pelo conteúdo, mas pelo currículo e experiência política do autor, o prefeito de Manaus defende um olhar diferenciado sobre a Zona Franca e seus impactos. “A Zona Franca nasceu para desenvolver uma região estratégica e subdesenvolvida. Veio para diminuir esse grave problema brasileiro que é a desigualdade entre regiões, prima-irmã da desigualdade econômica e social entre pessoas. Se não for vista sob esse prisma, não será entendida por quem a esteja analisando”, alerta.

Segundo a Superintendência da Zona Franca (Suframa), o Polo Industrial de Manaus possui aproximadamente 600 indústrias de alta tecnologia gerando mais de meio milhão de empregos, diretos e indiretos, principalmente nos segmentos de eletroeletrônicos, duas rodas e químico. Ainda em seu texto, Arthur informa que a Honda, principal empresa do polo de duas rodas, já atingiu 24 milhões de unidades produzidas no Amazonas.

“E ainda há quem diga que aqui se faz maquiagem. Ainda existe quem julgue injustificável a concessão de incentivos para a ZFM. E ainda há quem não reconheça que ela preserva 97% da parte da floresta que cabe em solo amazonense. E ainda tem quem duvide que um processo de aquecimento global esteja em curso, com previsão de a temperatura média do mundo aumentar 1% só neste 2019. E, por absurdo que pareça, ainda se vê quem não compreenda que o desmatamento criaria sério problema econômico, político, diplomático, certamente até com contornos de tensão militar”, adverte o prefeito.

Em sua publicação, Arthur Virgílio faz uma série de recomendações ao governo como “um filtro rigoroso nos subsídios” para “evitar o risco de transformar uma boa intenção num problema desnecessário como minimizar a relevância da Zona Franca e, com isso, sofrer desgastes internacionais”. Além disso, cita que é necessário apoiar iniciativas de desenvolvimento sustentável e agilizar decisões que, segundo ele, “ficam emperradas nas gavetas de Brasília”.

A Amazônia Legal, termo criado pelo governo com a proposta de desenvolvimento da região, abriga os estados do Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá, Acre, Maranhão, Tocantins e parte do Mato Grosso. “O jogo aritmético, que se limite à análise da relação renúncia fiscal/custo do emprego, não se sustenta, diante de tantas variáveis tão fartamente elencadas por tantos que conhecem de fato a região, seus problemas e suas magníficas possibilidades”, finaliza.

Rômulo Araújo / Semcom

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