O Potencial mineral da Amazônia

Por Margarida Galvão

O Amazonas já experimentou dois grandes ciclos econômicos – da Borracha e da Zona Franca –e poderia tentar um terceiro ciclo, desta vez aproveitando as significativas riquezas minerais existentes no subsolo, de forma sustentável, e com isso alavancar o Produto Interno Bruto (PIB) amazonense...

Por Margarida Galvão

O Amazonas já experimentou dois grandes ciclos econômicos – da Borracha e da Zona Franca –e poderia tentar um terceiro ciclo, desta vez aproveitando as significativas riquezas minerais existentes no subsolo, de forma sustentável, e com isso alavancar o Produto Interno Bruto (PIB) amazonense.

Nióbio, tântalo e terras raras (minerais high tech), a grosso modo, participam no balanço das substâncias minerais que o Amazonas detém em volumosas quantidades. Mas essa participação pode ser incrementada e Manaus se tornar uma nova frente industrial, caso seja adotada uma política de extração e refino e assim possibilitar a exportação de insumos e matéria-prima para o mercado interno e externo, além da atração de indústrias de diversos segmentos.

O superintendente substituto do Departamento Nacional de Produção Mineral no Amazonas (DNPM/AM), Fred Cruz, defende que o Amazonas poderia ampliar a exploração mineral, que hoje, a grosso modo, é feita na mina do Pitinga, Presidente Figueiredo, e promover a transformação por meio de processos metalúrgicos que poderiam ser implantados no Polo Industrial de Manaus(PIM).O geólogo aponta que o Amazonas pode também se tornar um grande extrator e beneficiador de matéria prima advinda de concentrados de nióbio e tântalo, bastaria o poder público estadual se interessar em propiciar condições satisfatórias aos investidores. “Este setor é um grande gerador de empregos, por se tratar de uma indústria nova, limpa, até mais do que se produz no PIM. Está na hora do Amazonas iniciar um terceiro ciclo de desenvolvimento”.

Se tratando do nióbio, o especialista disse ser um mineral de fantástica utilização na produção de aços e metais inoxidáveis para a utilização em automóveis, turbinas de avião, gasodutos, em tomógrafos de ressonância magnética, na indústria aeroespacial, bélica e nuclear, além de outras inúmeras aplicações como lentes óticas, lâmpadas de alta intensidade, bens eletrônicos etc. O Brasil é o maior produtor de nióbio, por conta da usina de Araxá, Minas Gerais. Segundo o geólogo, 98% das reservas conhecidas no mundo estão em subsolo brasileiro, que responde por mais de 90% do volume do metal comercializado no planeta, seguido pelo Canadá e Austrália. As reservas brasileiras são de ordem de 842,46 milhões de toneladas, cujas maiores jazidas se encontram nos Estados de Minas Gerais (75% do total), Amazonas (21%) e em Goiás (3%), Rondônia e Paraíba juntas, cerca de 1%. “A Companhia Brasileira de Metalurgia & Mineração (CBMM), em Araçá, produz nióbio para o mundo inteiro”, informou.

Na opinião de Fred Cruz, se o Amazonas tivesse compromisso com as riquezas minerais que possui não permitiria sair do Estado minério in natura, como acontece hoje com a produção de cassiterita que sai da mina do Pitinga, por intermédio da Mineração Taboca. Segundo o geólogo, a empresa conduz o concentrado de estanho obtido na extração da mina, por mais de 2.800 km em linha reta e, leva para ser industrializado no município de Pirapora de Bom Jesus, em São Paulo, para ser refinado e transformado em estanho, lá tem um polo formado por pequenas indústrias de produtores de estanho. “Cercou-se de pequenas indústrias, pulverizando uma cadeia produtiva, que gera uma gama de postos de trabalho, haja vista que para cada emprego gerado na extração são gerados cinco na transformação”.

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