Para especialista, ZFM é atrativa, mas reforma tributária pode afetar competitividade

O novo presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-AM), economista Francisco de Assis Mourão Júnior, alerta nesta entrevista concedida a PIM Amazônia que a reforma tributária pode tirar vantagens competitivas da Zona Franca de Manaus (ZFM) se não ficarem ‘amarradas’ algumas questões que envolvem a unificação de nove tributos com o objetivo de simplificar a cobrança de impostos no país. O texto do relator prevê a criação do Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS) que absorverá o ICMS, ISS, IPI, PIS, Cofins, Cide, Salário-educação, IOF e Pasep, o que,segundo Mourão requer atenção dobrada da bancada do Amazonas e dos demais estados do Norte já que parte dos benefícios do modelo ZFM abrange toda a Amazônia Ocidental. Eleito para o triênio 2018-2020, o economista se propõe a tornar o Conselho mais forte, mais unido e participativo, com olhar voltado principalmente para o interior amazonense já que tem como meta criar delegacias em dois municípios para aproximar os economistas que atuam nesses locais e prover o desenvolvimento dos mesmos e do Amazonas como um todo. Confira a entrevista na íntegra.

 

Como o senhor avalia o Corecon-AM, hoje, e o que pretende fazer para manter uma maior interação do órgão com a sociedade?

Francisco de Assis Mourão Júnior – Como entidade de classe, oCorecon-AM tem várias frentes que precisam ser resolvidas, entre elas, aproximar o conselho dos economistas, dar maior atenção aos profissionais que estão no interior do Estado, uma maior aproximação do Conselho com a sociedade, por meio de debates de questões que a própria sociedade demanda. Além disso, abertura de duas delegacias para aproximar esses profissionais que estão fora do mercado de trabalho.

Essas metas vão acontecer já em 2018?

Muitas delas sim. As eleições vão requerer do Corecon participação nos grandes debates econômicos. Vamos verificar quais os economistas que são candidatos, avaliar suas propostas, porque, como formadores de opinião, precisamos contribuir com a sociedade; assim como avaliar as propostas dos pretendentes aos cargos majoritários, no que diz respeito à área econômica, para verificar o que pretendem fazer em prol do Estado. Vamos criar um banco de dados para facilitar a vida dos profissionais que buscam vaga no mercado de trabalho, assim como adesão à plataforma de cursos do Conselho Federal de Economia (Cofecon); criação de um canal informativo nas principais redes sociais (Youtube, Facebook, Instagram) bem como a repaginação do site e oferta de cursos para economistas em situação de inadimplência. Além disso, vamos trabalhar para aproximar o conselho das faculdades, tanto federal, estadual quanto as privadas.

Qual o papel das delegacias no interior e onde serão instaladas?

Essas delegacias vão representar o Corecon-AM onde estiverem implantadas, apoiando os profissionais da área e também participando das questões econômicas do próprio município. Quanto aos locais, estão em estudo alguns municípios, porque é preciso seguir as normas do Conselho Federal de Economia. Acredito que até dezembro elas serão implantadas.

Quantos profissionais estão registrados no conselho, hoje, e como está a inadimplência?

Temos registrados no Corecon-AM cerca de 1.775 economistas, no entanto,em torno de 50% estão inadimplentes. Desse total, em torno de 20% não estão conseguindo entrar no mercado de trabalho, daí o fato de não estarem podendo pagar suas anuidades.

 

O que o senhor projeta fazer internamente no conselho visando à colocação desses profissionais no mercado de trabalho?

Vamos trabalhar na criação de um banco de dados para que esses economistas possam buscar empregos; criar cursos para os profissionais que estão em situação de registro suspenso ou fora do mercado de trabalho, a fim de que possam ingressar no mercado.

Qual o setor que mais absorve esses profissionais?

A maioria está no setor público atuando na área de planejamento e em políticas públicas, vindo em seguida o setor privado, também na área de planejamento econômico e na abertura de empresas. As assessorias também utilizam esses profissionais para a realização de projetos de implantação de novas empresas, assim como de ampliação e diversificação.

O Polo Industrial de Manaus é um bom acolhedor desse profissional?

Sim. As próprias consultorias que atuam com projetos industriais de implantação de empresas são formadas por economistas que precisam se voltar para a criação de projetos tanto no âmbito do Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam), como do Conselho de Administração da Suframa (CAS). São projetos bem calçados na realidade local para que essas empresas venham para o PIM gerar emprego e renda.

Como o senhor avalia os problemas econômicos na atual conjuntura?

Vejo, a curto prazo, uma pequena luz no fim do túnel. Medidas tomadas pela equipe econômica no ano de 2017, como a liberação das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); a questão do controle da inflação, o controle de gastos do governo e a própria estabilidade política com a permanência do atual governo, gerou uma reação na própria economia, que começou a reativar o consumo. Consumo esse importantíssimo para a nossa própria economia estadual. O PIM, como fabricante de bens de consumo, que são comprados a partir do momento que as pessoas têm renda, começa a dar sinais de recuperação. Ninguém compra um televisor, uma geladeira ou outro produto dessa natureza se estiver desempregado. A partir do momento que a economia começa a melhorar, a consumir esses bens essenciais – mas que não são tão essenciais para quem não tem renda -, então essa melhora acontece e é o que está acontecendo com a economia nacional que já começa a dar reflexos na economia local.

 

Texto: Margarida Galvão

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