Projeto apoiado pela Fapeam aponta que o tambaqui e o pirarucu retêm os nutrientes das rações formuladas com as larvas
O potencial nutricional e as vantagens econômicas do uso de larvas de inseto na composição de rações de peixes amazônicos estão no foco de um estudo apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa Estratégico de Desenvolvimento do Setor Primário Amazonense (Prospam).
O projeto intitulado “Proteína de inseto em rações: uma proposta sustentável para a piscicultura amazônica” é coordenado pela doutora em Zootecnia, Ligia Gonçalves, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
De acordo com a cientista, os resultados preliminares alcançados apontam que peixes das espécies tambaqui e pirarucu aceitam, consomem e retêm os nutrientes fornecidos por rações formuladas com larvas de BSF (sigla para black soldier fly, nome da espécie de mosca soldado negro, em inglês).
“As larvas estão recebendo destaque mundial tanto na ciência quanto na indústria, pois têm alto valor nutricional. As larvas possuem 40% de proteína bruta e de 20 a 30% de gordura na forma fresca, alcançando até 60% de proteína bruta quando desengordurada”, explicou Lígia Gonçalves.
Os insetos já fazem parte da alimentação de diversas espécies de peixes na natureza, portanto, a pesquisa visa avaliar a oportunidade de aproveitar as larvas dos insetos para produção de uma matéria-prima de excelente qualidade para a indústria de ração animal.
Um dos resultados esperados pela pesquisa é encontrar fontes proteicas que possam ser produzidas no Amazonas e possam ser destinadas para indústria de rações, e utilizadas na piscicultura Amazônica. Além disso, o uso das larvas na alimentação de peixes pode promover maior competitividade na economia local, indicou a pesquisadora.
“Essa pesquisa possibilita o conhecimento de como peixes nativos respondem a uma alimentação com a inclusão de um ingrediente protéico que tem interesse mundial. A larva de BSF traz oportunidade para a piscicultura familiar, que corresponde a 90% dos empreendimentos no Amazonas, se torna mais produtiva e competitiva, promovendo maior inclusão do setor primário e, consequente, diminuição da desigualdade”.
Capacitação humana
A pesquisa, iniciada no fim de 2021, está permitindo a capacitação de alunos do Amazonas orientados em programas de pós-graduação e, assim, formando mais profissionais qualificados para atuarem nas áreas de agronegócio e/ou ciência e educação. A previsão atual é que o projeto seja finalizado no primeiro semestre de 2023.
Prospam
O programa apoia projetos de pesquisa científica, tecnológica e/ou de inovação, ou de transferência tecnológica, que contribuam para o desenvolvimento do setor primário no estado do Amazonas, visando à produção sustentável e adequada à realidade regional.
Fonte: Inpa