Por Marco Dassori
Sem encerrar um ano com números positivos na produção desde 2012, e com as vendas derrapando desde então, os fabricantes de motocicletas voltaram a respirar em novembro de 2017. Embora insuficiente para levar o balanço daquele exercício para o terreno positivo, o ensaio de retomada foi forte o bastante para fazer a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) projetar um 2018 com alta de 5,1% na produção e 935 mil motos montadas.
Até então, a cada início de ano, as expectativas mais otimistas da entidade eram de estabilidade. Principalmente depois do fatídico 2015, quando produção e vendas estacionaram no menor nível registrado em uma década.Sete meses de balanços positivos depois, a Abraciclo reviu os números e já aguarda um Reveillon com alta ainda maior do que a anteriormente projetada.
A estimativa é que as linhas de produção das fabricantes de motocicletas – mais de 90% delas situadas no Polo Industrial de Manaus (PIM) – devem chegar a dezembro com 980 mil unidades. Trata-se de um incremento de 11% em relação ao conseguido em 2017 (882.876) e uma expansão duas mais de duas vezes superior à projeção anterior. As apostas foram redobradas também para as vendas no atacado (+10,5%) e no varejo (+7,5%).
Os números de julho reforçam o otimismo dos fabricantes. No acumulado dos sete meses, saíram das linhas de produção 590.961 motos, alta de 19,3% sobre o mesmo período do ano passado (495.232 unidades). No confronto mensal, a expansão foi ainda mais expressiva: 34,7% sobre o quantitativo de julho do ano passado (71.482 unidades).
“Fatores como ampliação da oferta de crédito e estabilidade dos índices macroeconômicos, além de uma maior participação do consórcio, têm sido fundamentais para a evolução dos negócios”, comemorou o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, durante coletiva promovida pela entidade.
Vendas e exportações
De janeiro a julho, foram vendidas 540.084 unidades no atacado, correspondendo a um aumento de 15,6% sobre igual período de 2017 (467.143 unidades).Com base nos dados do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam), as vendas no varejo totalizaram 532.955 unidades no mesmo período, um aumento de 7,1% em relação a 2017 (497.518).
A categoria mais comercializada foi a Street – moto de baixa ou média cilindrada destinada ao uso urbano –, com 51,2% de participação nas vendas de julho. Seguem-na no ranking: Trail (19,8%), Motoneta (15,3%), Scooter(6.419) e Naked (2,2%).
A única projeção negativa da Abraciclo para este ano está nas exportações, que devem fechar em baixa de 2,2% (80 mil motos), conforme cálculo da entidade. Julho (5.229 motocicletas), por sinal, marcou recuo de 37,6% no comparativo de 12 meses, embora o acumulado ainda seja positivo – 46.259 unidades e expansão de 13,4%. A maior parte das vendas externas seguiu para Argentina, Estados Unidos e Colômbia, nessa ordem.
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus (SIMMMEM) – entidade que congrega 55 empresas, entre fabricantes de bens finais e intermediários do polo de duas rodas em Manaus –avalia que os últimos meses trouxeram resultados positivos duradouros para o segmento de duas rodas.
“Enxergamos os resultados registrados até o momento com entusiasmo. Logicamente ainda há incertezas no campo político, o que pode impactar a economia e, consequentemente, os resultados da indústria. Porém, nós acreditamos no potencial do mercado brasileiro rumo à retomada”, reforçou o presidente do SIMMMEM, Nelson Azevedo dos Santos.
Emprego e investimento
O ritmo acelerado das linhas de produção do PIM, contudo, ainda não foi seguido pelas contratações no chão de fábrica. Dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), indicam que a média mensal de trabalhadores no segmento era de 13.557 em junho. Embora os números globais – que incluem efetivos, terceirizados e temporários – estejam acima do apurado ao final de 2017 (12.551), ainda não alcançaram a média de 2016 (13.776) e estão bem abaixo dos quantitativos dos anos anteriores – pelo menos até 2013.
“Atualmente, as fabricantes geram mais de 12 mil empregos no PIM. É um número expressivo, mas sabemos que há potencial para crescer no próximo ano, de forma gradual, caso a recuperação se solidifique. Ainda é prematuro estimar um prazo, já que, por enquanto, a estrutura operacional das fábricas tem sido suficiente para atender a este reaquecimento do mercado”, ponderou Azevedo.
Um sinal dessa perspectiva, assim como da ociosidade das linhas de produção, pode ser visto nos números de investimento das empresas. No total, as montadoras incentivadas de Manaus já aplicaram mais de US$ 1.5 bilhão em suas linhas de montagem até a metade do ano, de acordo com a Suframa. O resultado aproxima-se do montante gastopelas montadoras do PIM entre janeiro e dezembro de 2017 (US$ 1.59 bilhão) e já supera tudo o que foi injetado em 2015 (US$ 1.47 bilhão), mas está longe da marca dos anos anteriores – que superavam a casa dos US$ 2 bilhões.
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