Eustáquio Libório
Tenho uma página no Facebook com o nome de Manaus Cidade Sorriso, inspirado que foi na letra de Áureo Nonato para “Canção de Manaus”, a qual, mesmo não sendo o hino da cidade, canta-a e a enaltece como local aprazível e difícil de ser esquecido, o que, de fato, continua a ser uma verdade, mesmo que nem só por seus encantos brejeiros, mas até por seus desencanto e maus-tratos.
Há cerca de cinco anos, quando coloquei a página no ar, a ideia era, justamente, mostrar o lado positivo de uma cidade que, àquela época, eu dizia que continuava linda, mas estava muito maltratada. A página foi ao ar em setembro de 2013, por coincidência primeiro ano do segundo mandato do atual prefeito, agora postulante à Presidência da República e no exercício do terceiro mandato à frente do Executivo municipal.
Nestes cinco anos algumas realizações aconteceram e outras emperraram, pararam, depois continuaram, na dinâmica vida que uma metrópole com mais de dois milhões de habitantes tem de levar em frente e seu principal administrador de definir as prioridades que irão, ou deveriam, beneficiar a maioria dos habitantes.
No quesito realizações pode-se inscrever a restauração de parte do centro histórico de Manaus, incluindo o Mercado Municipal Adolpho Lisboa. Já entre as melhorias prometidas e que ficaram paralisadas está a recuperação do largo da matriz de Nossa Senhora da Conceição, iniciada e paralisada por alguns anos até sua recente inauguração, em meados de novembro do ano passado.
Mas enquanto as obras do largo da matriz não andavam, foi feito um trabalho de restauração do revestimento da avenida Eduardo Ribeiro, muito criticado por alguns e elogiado pelos que acreditam na preservação da cultura da cidade.
No entanto, outros locais de Manaus estão esquecidos e aqui não vou discutir a responsabilidade de quem deve se ocupar da preservação, se o município ou o governo estadual, embora se deva ter em mente que equipamentos urbanos geralmente são da competência do município. Além de locais, também nada se fez para melhorar o transporte coletivo público, onde quem menos parece apitar é a prefeitura, enquanto empresários e “trabalhadores” da área pintam e bordam em prejuízo da população.
Um desses locais esquecidos é o largo do Mestre Chico, confluência de três antigos bairros de Manaus como a Cachoeirinha, Educandos e Santa Luzia. O local, aprazível, conta com uma vista para a ponte de Ferro – Benjamin Constant – e, quando em período de enchente, do outro lado, uma visão do igarapé do Educandos, aonde já vi gente praticando esqui náutico.
A ponte está necessitando de conservação, assim como as demais instalações do largo, e o local propriamente dito, já não é tão frequentado quanto na época em que foi entregue à população. As paredes da penitenciária Vidal Pessoa, desativada, aonde um mural a enfeitava retratando o casario em estilo colonial, está desbotado e perde em plástica para as passagens de níveis pintadas por grafiteiros em outros locais da Manaus que, a cada dia, menos sorri.
A eleição de prioridades pelo Executivo municipal também levou iluminação a LED para algumas das principais vias da capital. Muito bom. O ruim é o “esquecimento” de fazer reparos nas vias dos bairros, a maioria dos mais de 60 bairros que Manaus tem, convive com crateras até em vias principais, imagine-se nas secundárias e nas vias locais.
Bueiros sem tampa já não se tem conta de quantos estão por aí, prontos para tragar carros de passeio, cujo proprietário sempre fica no prejuízo, assim como aqueles que são vítimas de buracos escondidos pelas águas da chuva e dos “mondrongos” criados pelas ações das famosas tapa-buracos. A própria iluminação pública nos bairros deixa muito a desejar, sem falar no trânsito, cada dia mais caótico e estressante.
Fica difícil para o contribuinte, o cidadão que mora em Manaus, entender o estardalhaço criado pelo município acerca de Manaus ser eleita em primeiro lugar, entre as capitais, e em 33º em um ranking de 4.544 municípios, como a cidade que mais se enquadra no cumprimento das regras da Lei de Responsabilidade Fiscal. Na vida real do homem comum, é mais ou menos como deixar a grana render alguma coisa no banco, enquanto sua moradia desmorona.
Mesmo assim a Prefeitura de Manaus se dedica a resolver o problema grave de moradia construindo algumas centenas de casas populares. Estranho, muito estranho.
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