As privatizações e as concessões no setor de infraestrutura são decisivas para a recuperação da indústria da construção. “As concessões podem gerar um novo fôlego para o investimento em obras de infraestrutura”, diz o Fato Econômico, divulgado na última quarta-feira (13) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A publicação, que analisa o desempenho do setor nos últimos cinco anos, destaca que o cenário atual reúne algumas condições para reativar a atividade das construtoras: juros baixos, inflação sob controle e melhora das condições de financiamento para a compra de imóveis de maior valor.
No entanto, a retomada das obras paradas e o aumento da participação do setor privado nos projetos de infraestrutura são fundamentais para estimular a indústria da construção. “Há anos o investimento público não é suficiente nem para repor a depreciação do capital fixo de infraestrutura. A crise fiscal agravou esse cenário e o capital privado acaba sendo a solução. Aumentar as concessões e fortalecer parcerias público-privadas é o caminho para atrair investimentos no setor”, diz a economista da CNI Dea Fioravante.
O setor enfrenta, há quatro anos, um intenso processo de estagnação, com elevada ociosidade e quedas sucessivas na atividade e no emprego. De acordo com o Fato Econômico, o nível de utilização da capacidade de operação do setor ficou em 57% em dezembro de 2018. Ou seja, as empresas operaram com 43% do pessoal, das máquinas e dos equipamentos parados.
“Os indicadores de produção mostram que, desde o início da crise econômica que se instalou no país, os níveis de atividade, emprego e utilização da capacidade de operação caíram bruscamente e o setor ainda não apresenta sinais de recuperação robusta”, afirma a publicação.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão a dimensão do impacto da crise no setor. Entre 2012 e 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria da construção acumulou uma queda de 20,9%. No mesmo período, o PIB brasileiro encolheu 0,3%. “Em 2016, enquanto o PIB do Brasil recuou 3,3%, o PIB da construção civil caiu 10% (IBGE) ”, informa a publicação.
EFEITO DOS RECURSOS PÚBLICOS – O Fato Econômico lembra que, antes da recessão, o PIB da construção cresceu 13,1% em 2010, embalado, especialmente, pelas obras dos programas de Aceleração do Crescimento (PAC) e Minha Casa Minha Vida, ambos financiados com recursos públicos. Em 2012, a utilização da capacidade de operação atingiu 72%. Além disso, a economia brasileira apresentava um bom desempenho, o que favoreceu o setor. Mas, o quadro mudou a partir de 2012. “As irregularidades apontadas na operação Lava Jato, com envolvimento das maiores empresas do país e do governo federal interromperam os investimentos nas obras do PAC, causando grandes prejuízos para o setor como um todo”, analisa a CNI.
Com a crise fiscal, diminuíram os subsídios do governo ao crédito habitacional. As turbulências políticas, a desaceleração da economia, o desemprego, o aumento da inflação, a alta dos juros, a inadimplência e a restrição ao crédito ampliaram as dificuldades do setor. Entre abril de 2014 e dezembro de 2015, o emprego na construção caiu 13,3 pontos e o nível de atividade recuou 12,1 pontos, informa a CNI, com base nos indicadores da Sondagem Indústria da Construção.
Os dados da Sondagem mostram que a partir de 2017, acompanhando a lenta recuperação da economia, o desempenho da construção melhorou. Mas o nível de atividade ainda é insuficiente para o setor recuperar as perdas registradas entre 2014 e 2016. O Fato Econômico lembra que a indústria da construção é o segundo setor que mais cria empregos no país, atrás apenas do comércio.
De acordo com cálculos da CNI, a cada R$ 1 milhão investidos na construção, são criados 20 postos de trabalho diretos e indiretos. As condições necessárias para o desempenho positivo da construção são: financiamento de longo prazo a custo acessível, investimento em infraestrutura e crescimento da economia interna, completa a CNI.
*Informações Agência CNI de Notícias