Da Redação
A Pesquisa Indústria Mensal Regional (PIM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) investigou 15 locais e apenas nove apresentaram avanço na produção industrial na passagem de dezembro para janeiro, tendo à frente o Amazonas, com alta de 16,7%. Os dados foram divulgados na quarta-feira, 13.
Segundo o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, a expansão registrada no Amazonas exerceu o maior impacto positivo sobre a indústria nacional. “A maior influência para esse resultado veio do setor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos. Entre setembro e novembro, a seca severa no estado afetou a logística da indústria local, tanto no que tange ao escoamento da produção quanto ao abastecimento de insumos. Isso gerou custos adicionais, que resultaram na redução do ritmo de produção. A partir de dezembro, houve melhora no cenário”, explica o pesquisador, destacando que em dois meses, a indústria amazonense acumula alta de 30,3%.
A segunda maior influência positiva em janeiro veio de São Paulo (0,8%), que responde por cerca de 33% da indústria do país. “Os setores que mais influenciaram essa alta foram o de produtos químicos e o de outros equipamentos de transporte. Com esse resultado, observamos que a indústria paulista está 0,4% acima do seu patamar pré-pandemia”, destaca o analista. A indústria do estado também opera 22,1% abaixo do nível mais elevado, registrado em março de 2011.
No cenário geral, a produção industrial do país caiu 1,6% em janeiro. As maiores quedas foram registradas no Espírito Santo (-6,3%) e no Pará (-4,9%), enquanto a principal influência negativa sobre o resultado nacional veio do Rio Grande do Sul (-3,8%). No acumulado em 12 meses, a indústria variou 0,4%, com taxas positivas em dez locais.
“A queda de 1,6% na indústria nacional foi registrada após cinco meses sem resultados negativos, com ganho acumulado de 2,9%, e representa uma estratégia da própria indústria para equalizar o comportamento de oferta e demanda. É um movimento natural em relação aos meses anteriores que também é observado regionalmente”, explica Bernardo Almeida.
Um exemplo é o que ocorreu na indústria capixaba, que além de ter a retração mais elevada entre os locais pesquisados, exerceu a segunda maior influência negativa sobre o resultado da indústria brasileira. “A atividade extrativa foi a que mais impactou esse comportamento dentro dessa indústria. Esse setor foi um dos responsáveis pelo ganho de ritmo no fim do segundo semestre de 2023 e, na passagem de dezembro para janeiro, houve esse movimento de recuo que podemos observar no resultado nacional e no estado”, diz o analista.
O setor extrativo também influenciou o resultado negativo da indústria paraense (-4,9%). “Esse mesmo movimento do setor foi observado no Pará, onde a indústria é mais concentrada nessa atividade”, afirma. A produção industrial do estado havia crescido em novembro (1,8%) e dezembro (2,7%), com ganho acumulado de 4,5% nesse período.
No Rio Grande do Sul, a queda de 3,8% veio após um avanço de 1,6% no mês anterior. “A taxa de janeiro é a mais intensa desde setembro de 2023, quando atingiu -5,5%. Esse resultado foi impactado pelas atividades de derivados do petróleo e produtos do fumo, que são bastante atuantes dentro da indústria gaúcha” diz o pesquisador. Os demais estados com taxas negativas foram Goiás (-3,3%), Santa Catarina (-3,1%) e Ceará (-0,2%).
No comparativo com janeiro de 2023, variação positiva no AM foi de 11,7%
A produção industrial do país cresceu 3,6% na comparação com janeiro do ano passado, com avanço em 16 dos 18 locais analisados pela PIM Regional. O Amazonas também se destacou no período a segunda das maiores variações (11,7%). atrás a penas do Rio Grande do Norte (30,6%). “Nesse indicador, observamos um espalhamento de resultados positivos pelos locais, explicado, em grande parte, pela base de comparação baixa. Em janeiro de 2023, 11 locais apresentaram resultados negativos”, aponta o analista do IBGE, Bernardo Almeida.
O pesquisador destaca outros fatores que impactaram o resultado, entre eles, a política monetária expansionista. “Nesse cenário, houve corte nos juros, aumentando as linhas de crédito e, consequentemente, a renda disponível e o consumo das famílias, além da melhora no mercado de trabalho, com queda na taxa de desemprego e maior número de contratações. No lado da oferta, a ampliação do crédito permitiu tomadas de decisão mais otimistas dos produtores, resultando no aumento do ritmo da produção”, detalha.
Ainda em relação ao mesmo período do ano passado, a maior influência positiva sobre o índice nacional veio de São Paulo (4,6%). “Nessa indústria, as maiores influências foram as atividades de derivados do petróleo, com o aumento da produção de óleo diesel, óleos combustíveis, querosenes de avião, naftas e gasolina automotiva. Secundariamente, também aparece o setor de produtos químicos. Das 18 atividades pesquisadas da indústria paulista, 12 cresceram nesse indicador”, ressalta o analista.
Os demais locais que cresceram nessa comparação foram Mato Grosso (9,5%), Bahia (8,0%), Rio de Janeiro (7,1%), Santa Catarina (6,3%), Minas Gerais (5,5%), Pará (5,1%), Paraná (3,9%), Ceará (3,6%), Mato Grosso do Sul (3,0%), Espírito Santo (2,4%), Região Nordeste (1,3%) e Pernambuco (1,0%). Já o Maranhão (-6,6%) e o Rio Grande do Sul (-4,5%) recuaram.
*Com informações da Agência IBGE