Queimadas no Brasil cresceram 248% em janeiro

Percentual refere-se ao comparativo com janeiro de 2023. Amazônia foi o bioma mais atingido pelo fogo, com destaque para as queimadas em Roraima, Amazonas e Pará, segundo o Monitor do Fogo, do MapBiomas
Foto: José Cruz/ Agência Brasil

Da Redação, com informações da Agência Brasil e g1

O primeiro mês de 2024 teve um aumento expressivo nas áreas de floresta atingidas pelas queimadas. Mais de um milhão de hectares foram consumidos pelo fogo no Brasil em janeiro, o Monitor do Fogo, plataforma do MapBiomas, que monitora a extensão territorial afetada por queimadas. Em termos comparativos, é como se dez estados como Sergipe tivessem sido queimados em um mês. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 27, em São Paulo.

Enquanto janeiro de 2023 representou um recuo das queimadas em relação a 2022, em 2024 o aumento foi de 248% em relação a janeiro de 2023. Foram 287 mil hectares queimados em janeiro de 2023 contra 1,03 milhão de hectares em janeiro de 2024.

Desse total, 941 hectares (91%) ficam na Amazônia, que foi o bioma mais afetado pelo fogo no período, principalmente em decorrência das queimadas que afetam o extremo norte da região nesse período. Foi um aumento de 266% em relação ao mês anterior. O segundo bioma mais atingido foi o Pantanal, com 40.626 hectares.

Os três estados com maior área queimada em janeiro ficam na Amazônia:

  • Roraima – 413.170 hectares atingidos pelo fogo – expansão de 250% em relação a janeiro de 2023;
  • Pará – 314.601 hectares queimados;
  • Amazonas – 95.356 hectares.

O Mapbiomas ressalta que Roraima representou 40% do total queimado no país em janeiro de 2024 e o Pará, 30%. Formações campestres, pastagens e florestas foram os tipos de vegetação mais consumidos pelo fogo em todo o país. Enquanto em Roraima 95% da área queimada situam-se em formação campestre, no Pará 41% ficam em floresta e 49% em pastagem.

Devido à sua localização próxima à Linha do Equador, Roraima apresenta características climáticas e geográficas singulares, que fazem com que o período de queimadas aconteça no início do ano, ao invés do meio para o final do ano, como em outras regiões da Amazônia. A estação seca geralmente se estende de dezembro a abril, enquanto a estação chuvosa vai de maio a novembro.

“É normal que a Amazônia lidere em disparada a área queimada no início do ano por conta da estação seca de Roraima acontecer justamente nesse período. Entretanto, esse ano houve o agravante da seca extrema, que retardou e diminuiu a quantidade de chuva, deixando a região ainda mais inflamável”, explica a Coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – Ipam, Ane Alencar.

Queimadas seguem causando estragos em Roraima em fevereiro

Dados divulgados na sexta-feira, 23, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que Roraima segue liderando os focos de queimadas no país, em fevereiro. Pelo estudo, de janeiro até a última quinta-feira (22), o país apresentou 7.957 focos de calor. Desses 2.295 focos foram registrados no estado de Roraima (22% dos focos registrados no país)

Na noite de segunda-feira, 26, um incêndio de grandes proporções atingiu uma plantação de acácias às margens da RR-206, no município de Bonfim, ao Norte de Roraima, e invadiu a rodovia. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram cenas impressionantes, com várias árvores sendo queimadas ao lado da rodovia eo céu na região totalmente vermelho.

O chefe da Defesa Civil estadual, coronel Cleudiomar Ferreira, informou ao site g1 que equipes foram acionadas e atuaram no combate ao incêndio até 1h30 desta terça-feira, 27. Segundo ele, os militares monitoram a região para evitar uma reignição do fogo.

Estiagem – Além do avanço preocupante do fogo em várias áreas, o estado de Roraima também enfrenta os efeitos de uma estiagem agravada pelo fenômeno El Niño. O governo federal reconheceu na segunda-feira, 26, situação de emergência em nove municípios de Roraima por conta dos efeitos da estiagem. A portaria foi emitida por meio do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional e da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. Os municípios são Amajari, Alto Alegre, Cantá, Caracaraí, Iracema, Mucajaí, Pacaraima, Normandia e Uiramutã.

O reconhecimento permite a mobilização de recursos federais para enfrentar os efeitos da estiagem. A situação de emergência foi decretada pelo governo de Roraima no sábado, 24. A seca deste ano vem atingindo também o rio branco, responsável pelo abastecimento em Roraima.

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