Região Amazônica terá o primeiro porto sustentável certificado Aqua no Brasil

Para obter os resultados, em desempenho ambiental e sustentabilidade, o Super Terminais aplicou medidas que são revertidas na preservação do bioma amazônico

O terminal portuário Super Terminais – “GreenPort” acaba de conquistar a certificação desenvolvida pela Fundação Vanzolini, com apoio da Universidade de São Paulo, Aqua (Alta Qualidade Ambiental). A aplicação é realizada pela Fundação Vanzolini. É o primeiro porto em operação no Brasil a obter o reconhecimento de um dos principais sistemas de avaliação de desempenho ambiental do mundo. A entrega da certificação ocorrerá no dia 3 de abril.

De acordo com Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo da certificação Aqua-HQE, “foi uma certificação pioneira, por meio de avaliação e auditoria rigorosas, que constataram o excelente trabalho das equipes do terminal e da consultoria especializada dos professores do Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (Cilip) da Universidade de São Paulo (USP). Com isso, o Super Terminais – “GreenPort” demonstra, nas práticas das suas operações portuárias, seu compromisso quotidiano com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU e com os princípios ESG, de modo exemplar”.

Para obter os resultados, em desempenho ambiental e sustentabilidade, o Super Terminais aplicou medidas que são revertidas na preservação do bioma amazônico. Entre elas, desenvolve um rigoroso programa de gestão que avalia de forma constante o gerenciamento de resíduos e de efluentes, a educação ambiental, o controle de vetores, a limpeza dos reservatórios, o monitoramento e controle de ruídos, a contingência de saúde, o gerenciamento de riscos, de emergência individual e de cargas perigosas.

O coordenador do Cilip-USP, João Ferreira Netto, explica que o complexo comprovou, por meio de estudos da qualidade da água, que seus terminais praticamente não afetam a fauna e flora aquática do Rio Negro. “Eles possuem uma estação de tratamento de efluentes orgânicos que despeja no rio água limpa, 100% tratada. Essas e outras medidas de gestão ambiental fazem com que sejam um dos mais avançados na proteção do bioma amazônico”.

Soluções sustentáveis

Para evitar desastres ambientais o Super Terminais possui planos de contenção para acidentes, como possíveis vazamentos de óleo dos navios. Para isso, o porto constituiu uma brigada própria e contratos com empresas especializadas e treinadas para prever ou conter com eficácia e rapidez eventuais vazamentos em caso de acidentes. Os protocolos de segurança do terminal estão em plena aderência com os pré-requisitos de legislação da Organização Marítima Internacional (IMO).

Outro fator importante na redução de danos ambientais é que o Super Terminais não oferece às embarcações que atracam em suas instalações os serviços de limpeza de cascos, do convés ou a opção de descarte de efluentes e resíduos no local. Essa medida evita possíveis impactos na qualidade da água do rio, o que é importante para a preservação do meio ambiente.

“Entre as soluções de sustentabilidade encontradas, destacamos o uso de energia renovável, por meio da utilização de veículos e guindastes elétricos; além disso, nos comprometemos a investir no uso de energia limpa nas áreas de armazéns e de iluminação para o prédio administrativo por meio de um projeto de iluminação fotovoltaica buscando continuamente melhorarias para ampliar a segurança dos funcionários.”, diz Marcello di Gregorio, Diretor-Geral do terminal.

O controle de emissões de gases poluentes, responsáveis pelo efeito estufa, é também um item de grande importância para os gestores do porto. Umas das ações foi realizar a melhor organização para a recepção dos caminhões, para que não fiquem ligados em fila, emitindo gases, enquanto aguardam para carregar ou descarregar.

Vantagem natural

Na altura do Rio Negro, onde está localizado o porto, há uma profundidade de 35m na seca e de 50m na cheia. Essa característica natural favorece a sustentabilidade, pois evita a necessidade do processo de dragagem do solo para a contenção do nível do calado. Algo que em outros portos gera grande impacto ambiental.

O Super Terminais é um dos principais operadores de cargas conteinerizadas, cargas de projetos e cargas soltas para exportação e importação de produtos do Zona Franca de Manaus. Está entre os três maiores terminais portuários de Manaus e, em termos de volume, movimenta cerca de 200 mil TEUs por ano. O porto emprega mais de 400 funcionários e completa 27 anos de existência com grande experiência no mercado de transporte e logística.

Na Fundação Vanzolini, o curso sobre Gestão de Operações Portuárias trata dos aspectos fundamentais de análise e desenvolvimento de projetos e operações de terminais portuários. Das 14 categorias da certificação AQUA-HQE Portos, o Super Terminais obteve nível 8 em “melhores práticas”. “O terminal investiu em vários processos e foi feito todo um trabalho para melhorar a operação e atingir esse nível de excelência”, ressalta o professor Ferreira Netto.

O referencial de certificação Aqua — Instalações Portuárias inclui requisitos de um sistema de gestão de portos – SGP e critérios e indicadores de desempenho ambiental e de qualidade de vida para a avaliação desse tipo de construção. Os indicadores de desempenho da Qualidade Ambiental para Instalações Portuárias (QAIP) se estruturam em 15 categorias (conjuntos de exigências), agrupadas em três temas: Vida Social e Econômica, Qualidade de Vida e Meio Ambiente e ao todo engloba mais de 300 itens a serem avaliados. Entre eles, aspectos como “O porto e seu entorno”, “Segurança Patrimonial”, “Canteiro de Obras”, “Resíduos”, “Ambientes Naturais e Ecossistemas”.

A visão holística da certificação não estabelece exigência de soluções preconcebidas de projeto ou de materiais, mas os critérios de desempenho estabelecidos nas 15 categorias exigem a demonstração e comprovação que, desde as fases iniciais de planejamento e projeto, foram adotadas medidas ambientais para assegurar, por exemplo, que não haja impacto na atividade pesqueira; na qualidade do ar e da água, seja para trabalhadores ou para atividades recreativas ao redor; que sejam minimizados os impactos ambientais, como ruído e vibração; que reduzam os riscos operacionais e de segurança portuária; e que garantam a expansão do porto de forma sustentável, entre outras medidas.

Fonte: Portos e Navios

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