Da Redação, com informações do g1 AM
O Rio Negro voltou a subir em Manaus (AM) na terça-feira, 06, alcançando a marca de 21,46 metros. Esse valor é quase o dobro do nível mais baixo registrado em 26 de outubro de 2023, quando o rio alcançou a cota histórica de 12,70 metros, segundo o Porto de Manaus.
Com a subida das águas, também registrada em outros rios do estado, setores da economia que dependem de atividades, como transporte fluvial e turismo começaram a reagir. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), os principais rios do Amazonas vêm apresentando níveis dentro da normalidade para o período. Ainda assim, todos os 62 municípios do Amazonas permanecem em situação de emergência por conta dos efeitos da seca histórica de 2023.
No Lago do Puraquequara, na Zona Leste da capital, os visitantes voltaram a frequentar os estabelecimentos flutuantes, mas a vegetação que cresceu na seca agora cobre as águas, formando uma camada de capim que dificulta o acesso.
No Lago Tefé, no interior do estado, onde mais de 200 botos morreram – um dos símbolos da crise que o Amazonas enfrentou na seca -, o cenário agora é de normalidade. No entanto, a causa da morte dos animais ainda segue sendo investigada, informou o Instituto Mamirauá ao site g1.
Jussara Cury, pesquisadora de geociências do Serviço Geológico do Brasil (SGB) ouvida pelo g1, explica que os rios ainda são impactados pela pouca quantidade de chuvas durante o El Niño.
“O fenômeno afeta no acumulado de chuvas, que está abaixo do normal para o período. No momento Tabatinga, no Alto Solimões, está apresentando oscilações e até descidas. O mesmo ocorre na parte norte da bacia, como Alto Rio Negro e rio Branco, em Roraima, que estão em recessão e no caso de Boa Vista [capital de Roraima] com níveis baixos para o período”, pontuou Cury.
Ainda conforme a pesquisadora, o SGB precisa analisar as cotas dos rios nos meses de março, abril e maio para poder apontar uma projeção de como os níveis irão se comportar neste ano.
Boletim – Mesmo com a subida das águas, os municípios do Amazonas se mantêm, desde novembro de 2023, sob decretos de situação de emergência por causa da estiagem, com durabilidade de 180 dias. Segundo dados da Defesa Civil, o estado tem 637 mil pessoas afetadas até o momento pela seca severa, ou 159 mil famílias, conforme o último boletim da estiagem, divulgado pelo órgão.
“Nossos rios já estão em recuperação, isso já permite que comunidades saiam do isolamento. Porém, os fortes impactos causados pela estiagem ainda persistem, por essa razão os 62 municípios estão com seus decretos vigentes, mas muito em breve toda a normalidade social será reestabelecida”, informou o Francisco Máximo, secretário executivo da Defesa Civil do Amazonas.