Sacolas de plástico podem ser muito mais nocivas à natureza do que as de papel

Apesar de muitos ativistas climáticos serem contrários às sacola plásticas, a discussão vai muito além de debates rasos

Sacolas de papel podem ser muito mais nocivas ao meio ambiente do que as de plástico, afirma um artigo publicado no início de julho pelo Árvore do Futuro, instituição focada em meio ambiente. “Plástico ou papel: qual é o mais sustentável?” elenca inúmeras pesquisas com o objetivo de responder a seguinte pergunta: deveríamos parar de usar embalagens plásticas, trocando-as pelas de papel?

“Muitos ativistas não têm dúvidas de que sim, é preciso banir o plástico”, afirma o texto. “Pressionadas, algumas cidades, inclusive, já baniram o uso de sacolas plásticas de uso único, como foi o caso do Rio de Janeiro”. Entretanto, “estudos mostram que, quando se leva em conta a alternativa às sacolas plásticas, como as embalagens de papel, se percebe que o banimento do plástico descartável não é uma opção óbvia e, talvez, nem a mais correta”.

Uma pesquisa da Environment Group Research da Escócia, por exemplo, citada no artigo, revelou que a sacola plástica convencional é mais sustentável para o meio ambiente que o saco de papel em sete dos oito indicativos analisados. São eles: consumo de energia, consumo de água, emissão de gases de efeito estufa, acidificação atmosférica, qualidade do ar e formação de ozônio no solo, eutrofização de massas de água e produção de resíduos sólidos. O plástico “venceu” em apenas um tópico, “risco de lixo”.

O resultado mais contrastante, segundo o grupo, é o potencial de poluição dos cursos d’água: a sacola de papel é 13 vezes mais nociva que a sacola plástica.

“O ataque ao plástico virou um senso comum”, afirma Evellyn Lima, autora do texto. “Com a grande pressão de ativistas, muitos passaram a acreditar, sem ao menos pesquisar, que o plástico é um problema em si mesmo. A pressão é tamanha que chegou até na publicidade. Muitas empresas fizeram, e continuam fazendo, campanhas para reduzir o uso de embalagens plásticas, mas não há quase nenhuma análise por trás”.

Qual, portanto, deveria ser a escolha dos supermercados, shoppings e varejos? De acordo com o artigo, a resposta não é tão fácil.

Segundo uma análise do Programa das Nações Unidas (ONU) para o Meio Ambiente, levantada pelo Árvore, tanto a sacola de papel quanto a de plástico podem ser vilãs da natureza. Tudo depende da forma de descarte, da qualidade do sistema de lixo e do montante utilizado. Ou seja, varia de cidade para cidade.

Uma prática danosa à natureza, por exemplo, de acordo com a pesquisa, é o descarte de sacolas de papel em aterros. “Um sistema focado na incineração do papel será melhor do que deixá-lo decompondo e causando mais emissões de metano”. A solução, em contrapartida, é a incineração. Uma nação que não possua uma estrutura de queima do lixo, mas possui diversos aterros, então, deveria optar pela sacola plástica. Um país que tenha uma boa capacidade de incineração, contudo, tem a sacola de papel como uma opção favorável.

Na mesma linha, o descarte correto de sacolas de plásticos, segundo o estudo, é por meio de aterros sanitários, já que o insumo “não tem transformações químicas, físicas ou biológicas”. A incineração, todavia, é pior para as sacolas plásticas pois “afeta o clima com emissões de gás carbônico (CO2)”.

“É do interesse dos governantes colocar o plástico como um vilão da sociedade”, afirmou Evelly, “até porque é muito mais fácil culpar um material pelos problemas com o meio ambiente, do que, por exemplo, fazer o saneamento básico funcionar”.

A discussão entre plástico e papel, como mostra o artigo, é muito além de um debate superficial. Apesar de muitos buscarem soluções rápidas para problemas complexos, a saída é partir para análises de impacto em cada situação.

Criado pelo jornalista Leandro Narloch em 2019, um dos lemas do Árvore do Futuro é “combater o alarmismo ambiental com a defesa do ambientalismo racional”.

Fonte: Revista Oeste

Foto: Montagem revista Oeste/Shutterstock

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