Sem manutenção, nem LED acende

Eustáquio Libório

 

Diz a Prefeitura de Manaus que o atual prefeito, cuja gestão completou 2000 dias no último domingo, dia 24, conseguiu recuperar 4 mil quilômetros de vias ao longo de sua administração, o que dá a média de dois quilômetros recuperados por dia. Pode ser uma boa marca, mas não se tem parâmetros para avaliar esse desempenho, nem de quantos quilômetros a chuva e o desgaste destroem no mesmo período.

Um outro destaque da Prefeitura de Manaus para as realizações do atual gestor, dá conta de que a cidade recebeu a instalação de 46 mil pontos iluminados com a tecnologia LED, mais econômica e com maior rendimento no aspecto iluminação.

Sem se referir ao principal responsável pelo equilíbrio fiscal obtido pelo município, o ex-secretário da Semef, Ulisses Tapajós Neto, a comemoração do prefeito por suas realizações nestes quase seis anos à frente da prefeitura passou longe de algumas promessas de campanha, embora tenha lembrado de que construiu algumas creches na cidade.

Como se sabe, Manaus tem um dos aeroportos mais modernos do país e deveria receber um fluxo maior de turistas, tanto do Brasil quanto do exterior, se os governos municipal e estadual dessem prioridade para o segmento turístico. No entanto, o que se vê é que o Terminal Rodoviário de Manaus continua como sempre esteve, isto é, pequeno, acanhado, sem conforto para usuários e passageiros. Tal situação não se justifica mesmo que se considere aquela porta de entrada/saída de pessoas como de baixo fluxo.

O amazonense e pessoas egressas de outros estados da região e dos países limítrofes acessam a capital do Amazonas pelas vias fluviais que cortam a Amazônia e o porto da cidade, o Roadway, que já foi orgulho da cidade, continua operando a meia-boca, com boa parte da estrutura sem utilização, prejudicando usuários e, por que não afirmar, a própria cidade.

A população do interior que aqui chega tem que enfrentar o atravancado – para dizer o mínimo – porto da avenida Lourenço da Silva Braga, que já foi escadaria dos Remédios, virou Manaus Moderna e continua operando como porto de lenha, sem nem mesmo isso ter, a lenha.

Quem se der ao trabalho de visitar aquele local vai ter a triste sensação de voltar no tempo, ali pelo início do século XX, ou até antes, quando os barcos eram movidos a velas ou a vapor. Hoje, embora as lanchas “ajato” façam grande parte do transporte de passageiros pelos rios do Amazonas e as embarcações de maior calado, como barcos de recreio e mesmo navios regionais transportem a maior parte da carga e passageiros, os métodos de trabalho de carga e descarga são os mesmos da época da escadaria dos Remédios, ou quem sabe, até de bem antes: feito nas costas de homens e mulheres, alguns profissionais do ramo, outros por pura necessidade.

Se algumas lanchas “ajato” dispõem de um terminal mais moderno, onde podem ancorar para desembarque e embarque, a maior parte só consegue atracar nas balsas exploradas por terceiros e que servem de píer. Com o rio cheio, como nesta época do ano, o sacrifício de quem necessita transitar por essas balsas é menor, na seca, passageiros têm que carregar bagagens e cargas penosamente, subir escadas com mais de cinquenta degraus para chegar a via pública, enquanto carregadores profissionais – a lembrar os escravos pintados por Jean-Baptiste Debret no Rio de Janeiro imperial – transportam cargas nas costas para cima e para baixo. Ali, de moderno, só chegou o apelido da avenida que circunda a orla: Manaus Moderna.

Manaus, uma das primeiras cidades brasileiras a ter energia elétrica e cujo prefeito, até com justiça, jacta-se de ter implantado a iluminação a LED, esqueceu as promessas feitas antes de assumir a Prefeitura de Manaus, lá por 2012, e após a recuperação do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, cujo relógio está parado, tirou a área portuária de suas prioridades. Mesmo com LED, há necessidade de dar manutenção e cobrar dos terceirizados que prestam serviços à PMM que o façam com seriedade, o que não acontece: a tal Manaus Moderna está há uma semana sem luz elétrica e quem necessitar embarcar ou desembarcar depois das 18h sofre e arrisca se acidentar.

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