Apesar das incertezas sobre as eleições e reformas econômicas, entre as quais a da Previdência, os economistas entrevistados pela PIM Amazônia projetam crescimento econômico em 2018, principalmente a partir do segundo semestre. Os especialistas apontam que após enfrentar dois anos de forte recessão e um 2017 nada animador, a economia já dá sinais de recuperação neste início de ano, seguindo as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do próprio governo. Sendo um braço da economia brasileira,o Polo Industrial de Manaus (PIM) tende acompanhar esse incremento porque as empresas fabricantes de bens finais vendem seus produtos, em sua maioria, para o mercado nacional, o restante é exportado.
Para o diretor financeiro do Grupo Bemol, economista Denis Minev, 2018 é um ano promissor, com juros baixos e um cenário de maior estabilidade econômica. Há ainda reformas importantes, que estão pendentes, como a Previdenciária e Tributária, principalmente, mas o especialista acredita que, em função de o setor industrial ainda ter muito capacidade ociosa, crescerá um pouco neste semestre. “A partir do segundo semestre, provavelmente, já estaremos sob o efeito das eleições no país, quando nova instabilidade pode ameaçar este cenário benigno”, lembrou.
Na opinião de Denis Minev, o Estado do Amazonas deve se beneficiar, no curto prazo, do aumento de demanda nacional. Entretanto, destacou que o segmento industrial tem ganho muita produtividade no mundo, o que reduz a necessidade de mão de obra. Segundo o executivo, é preciso encontrar outras frentes econômicas de prosperidade, item que tem avançado, mas a passos lentos. As necessidades são claras: mais gente qualificada (mais doutores, mais mestres, mais graduados, mais conhecimento, principalmente nas ciências e engenharias); novos setores crescendo desburocratizados (manejo florestal, piscicultura, turismo, serviços, silvicultura, dentre outros) e melhor infraestrutura (portos, telecomunicações, estradas, energia, saneamento, transporte público).
Recuperação à vista
O economista José Laredo espera alguma melhoria deste cenário, uma vez que a economia já dá sinais de recuperação. Segundo o especialista, o PIM sempre é o último a reagir, mas não deixa de ser um braço da economia nacional, pois a fonte desse movimento para cima vem do poder de compra do mercado interno brasileiro. Com a inflação em 3% ao mês, Selic em 7%, PIB em rumo ascendente, Laredo acredita que 2018 tende a ser um ano onde se inicia a retomada do crescimento econômico do país e, em consequência, do PIM. “Essa previsão se dá porque o poder de compra dos consumidores brasileiros se anima com pouquíssima perda decorrente da baixa inflação, o endividamento das famílias ganha fôlego por causa dos juros mais civilizados e o crédito irrigando com mais força os negócios, o empresário passa a desengavetar com mais frequência seus planos de investimentos”, explicou.
No entanto, o economista lembra que esses fatos, infelizmente, estão sujeitos a impactos negativos ou levemente prejudiciais à economia caso as ações políticas daqui em diante venham a influenciar sua performance, mesmo levando em conta esse rebaixamento feito pela agência de rating S&P, na segunda de janeiro.Segundo Laredo, dificilmente esse fato vai empanar os ganhos alcançados na política monetária, já premiada do Banco Central brasileiro.“De sorte que, 2018 sim, já está sendo bem melhor que 2016/17, tanto pelas razões citadas, como pela própria oxigenação da democracia, que toda vez ocorre quando se renova o poder dentro das regras democráticas via eleições livres e quando as instituições estão a demonstrar pujança e independência, como se tem visto nestes últimos acontecimentos que ora dominam a mídia nacional”, frisou.
O diretor da Projec Projetos e Consultoria, consultor Raimundo Lopes Filho, avaliou que a economia brasileira saiu da recessão em 2017, após dois anos seguidos de retração. Segundo o dirigente, apesar da perspectiva positiva de crescimento, a demora na recuperação econômica acarretou dificuldades para o ambiente de negócios. Na opinião do especialista, particularmente, o Polo Industrial de Manaus poderá ser favorecido pelo processo de modernização que está revolucionando o modo de produção das fábricas e reformulando o mercado mundial, que leva à melhoraria do aproveitamento, aumenta os rendimentos e maximiza a lucratividade das companhias.
Segundo Lopes, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, em 2017, o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, registrou crescimento pífio em relação a igual período de 2016. Com isso, a projeção de crescimento do Ministério da Fazenda para 2018 subiu para 3% devido, principalmente, entre outros fatores, ao ajuste para reduzir o endividamento, que favorece o crescimento, e à inflação mais baixa, que possibilita a recuperação do consumo. A economia brasileira está em desenvolvimento e em transição, razão pela qual continua a ser vulnerável e a correr riscos. Esses fatores incluem contração desordenada nas condições de liquidez globais e a retirada repentina de capital. De acordo com o dirigente, os reflexos da crise e da recessão nos estados foram ainda mais visíveis em 2017, apesar da recuperação econômica no segundo semestre. “Tal situação se reflete diretamente na economia local, totalmente dependente do mercado interno”, alertou.
Mercado cauteloso
Na avaliação do economista Osiris Araújo da Silva, consultor empresarial e membro do Conselho Regional de Economia (Corecon-AM), a recessão brasileira foi a mais longa da história. Por conta disso, a recuperação da economia em 2017, embora lenta, alimenta boas expectativas para 2018. Seguindo previsões de economistas do FMI e do próprio governo o especialista disse que o país deverá crescer, se todas as condições permanecerem as mesmas, a taxas que podem chegar a 2,5%, contra 0,7% em 2017. Segundo o FMI, a economia deverá crescer 1,5%. O governo alimenta expectativa de uma alta maior, em torno de 3,5%, enquanto a projeção do mercado financeiro é de alta de 2,7%, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central.
Texto: Margarida Galvão
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