Da Redação, com informações das Agências Amazonas e Pará
Uma visita técnica ao Teatro Amazonas, em Manaus (AM), na quinta-feira, 14, marcou o início da articulação para a candidatura em conjunto com Theatro da Paz, de Belém (PA), ao título de patrimônio mundial concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Participaram do encontro representantes da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas e do Pará, além do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan).
A coordenadora-geral de cooperação internacional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Juliana Izete, explica que o encontro foi um marco muito importante para dar o pontapé inicial ao processo de candidatura a Patrimônio Mundial desse bem seriado, que são os dois teatros da Amazônia.
“É um prazer imenso estarmos neste momento iniciando esse processo, que é um longo processo, sim, é um processo técnico, é um processo político, é um processo de mobilização de agentes. E, para o Iphan e o Ministério da Cultura, é um prazer representarmos o Estado brasileiro junto à Unesco nesse momento de retomada das candidaturas à convenção de proteção do patrimônio mundial cultural e natural”, afirmou a representante do Iphan.
Na ocasião, o secretário Cultura e Economia Criativa do Amazonas, Marcos Apolo Muniz, celebrou a parceria com o governo do Pará e destacou a importância da participação da sociedade civil para a efetivação da candidatura de ambos os teatros, que reconhecem o valor da população não só como um recorte cultural, mas como um recorte econômico acima de tudo.
“A gente já recebe aí pessoas do mundo inteiro que têm esse sentimento de poder conhecer esses lugares e conhecer a história dos nossos estados através desses dois teatros históricos. Então, fica aqui também o compromisso do Estado e do governo do Amazonas em não medir esforços com toda a sua equipe para que nos próximos anos a gente possa criar todas as condições técnicas para concluir todo esse processo necessário para essa candidatura”, ressaltou Marcos Apolo.
Para Rebeca Ribeiro, diretora do departamento de patrimônio histórico, artístico e cultural da Secretaria de Cultura do Pará, é o início de muito trabalho pela frente. “É o início de muito planejamento que nós temos para os próximos quatro anos. E representando aqui a Secretaria, posso dizer que o Governo do Estado do Pará vai estar empenhado e dando o seu máximo para que a gente consiga daqui a quatro anos, se Deus quiser”, prometeu a diretora.
“Nós contamos a nossa história através dos nossos teatros. E a importância de nós começarmos a dar nome e rosto àquilo que nós representamos enquanto Amazônia é muito importante, porque causa equilíbrio. E o governo federal hoje vem em busca justamente. De dar voz e vez ao Norte e à Amazônia”, enfatizou a Superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Pará, Cristina Vasconcelos.
De acordo com Cristina, o Theatro da Paz e o Teatro Amazonas têm uma história interligada que não se pode desunir. “Agora é o momento de união. A história é única, os teatros são do mesmo período, são compostos da mesma história e do nosso povo. Quando a gente fala do povo da Amazônia, a gente precisa ter orgulho de onde a gente está. E fazer com que o mundo entenda a importância dos nossos dois teatros é algo principal de toda essa união de forças”, concluiu a superintendente.
O processo de reconhecimento – Ambos os teatros já são tombados pelo Iphan como Patrimônios Culturais do Brasil: a casa de espetáculos do Pará recebeu o título em 1963 e a do Amazonas, em 1966. Quanto ao reconhecimento da Unesco, os Teatros da Amazônia foram inscritos na Lista Indicativa de Patrimônio Mundial, uma etapa prévia, que serve como instrumento de planejamento e preparação para as candidaturas.
Conforme a Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Unesco, o reconhecimento de um bem cultural como Patrimônio Mundial demanda a caracterização de seu valor universal excepcional (VUE), extrapolando a importância local, regional e nacional.
Ainda segundo a Convenção, dentre os vários critérios, o bem deve ser um testemunho do “intercâmbio de valores humanos considerável, durante um período concreto ou em uma área cultural do mundo determinada, nos âmbitos da arquitetura ou tecnologia, das artes monumentais, do planejamento urbano ou da criação de paisagens”. O documento também prevê que o bem deve “ser um exemplo eminentemente representativo de um tipo de construção ou de conjunto arquitetônico ou tecnológico, ou de paisagem que ilustre um ou vários períodos significativos da história humana”.
Em diálogo e elaboração com outras instituições públicas, organizações que atuam junto ao bem e à sociedade civil de maneira mais ampla, a proposta é elaborada por um grupo técnico, que fará uma minuta de dossiê a ser apresentada ao Comitê do Patrimônio Mundial. Especialistas do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), organização não governamental ligada à Unesco, analisam a documentação, verificam a pertinência da argumentação e realizam missão de avaliação.
Se necessário, haverá etapas de complementação de dados e ajustes, após as quais o dossiê de candidatura segue para avaliação do Comitê do Patrimônio Mundial, formado por 23 países signatários da Convenção. Este Comitê avaliará o potencial valor universal excepcional do bem, e se ele preenche os requisitos de integridade e/ou autenticidade e de proteção e gestão para o título de Patrimônio Mundial.
Caso sejam reconhecidos pela Unesco, os Teatros da Amazônia passarão a compor uma lista que já possui 14 bens brasileiros chancelados como Patrimônio Mundial Cultural, dentre os quais estão o Cais do Valongo (RJ), Brasília (DF) e os centros históricos de Ouro Preto (MG), São Luís (MA) e Salvador (BA). Como Patrimônio Mundial Natural, são reconhecidos outros sete bens, como o Complexo de Conservação da Amazônia Central (AM), o Parque Nacional do Iguaçu (PR) e as Ilhas Atlânticas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas (PE/RN). Como Patrimônio Misto, por fim, a Unesco reconhece “Paraty e Ilha Grande: cultura e biodiversidade”.