ZFM: quando iremos rezar o meia culpa?

Temos desculpas para tudo toda vez que somos indagados sobre os resultados da contrapartida fiscal que utilizamos há 52 anos. Ficamos sem argumentos convincentes para explicar por que não adensamos para valer a produção de componentes no Polo Industrial, ou não diversificamos o perfil de produtos mais coerentes com a oferta de insumos do banco de germoplasma. Por que temos aceitado historicamente como favas contadas a não construção de parques tecnológicos que permitam transferir tecnologia para as empresas aqui instaladas ou aquelas que para cá viriam se a cultura da inovação tecnológica evoluísse? Ora, assim como na Física, ou na evolução das espécies, tudo está em movimento. Nada fica parado. Ou seja, quem não avança vai ficando para trás. Por isso, sendo bem transparentes e coerentes com o que estamos vivendo, não há como negar que estamos ficando anacrônicos. Ou seja, estamos literalmente agindo em direção oposta ao tempo. Não há justificativa plausível para isso. E o que é pior: isso se manifesta na economia, nas amarras da burocracia, nas instituições do Estado de Direito e, infelizmente, na Política, o conjunto de normas, parâmetros e estratégias de ordenamento da vida social. Precisamos quebrar os ovos da mesmice para degustar o omelete da transformação.

Pesquisa, desenvolvimento, inovação e burocratização

A verborragia do P&D&I chegou a um ponto de indigestão. Todos nos apegamos a esse catecismo sem exatamente promover o alinhamento de suas premissas. Ainda bem que atentamos para as armadilhas das patentes, um imperativo que transformou muitos de nós em bobos de uma corte de espertalhões. Rituais sagrados na fachada e estratégias travestidas no formato de canoas furadas. E essa mandracaria, na medida em que recebe atenção e intromissão do poder público, breca possibilidade da competição, vital para florescer a oferta coletiva de oportunidades e de liberdade de empreender. Um exemplo disso está ocorrendo na instalação dos pilares da Indústria 4.0, a Quarta Revolução Industrial. Puseram chapa branca no cardápio de alternativas tecnológicas.

Desperdício institucional

As empresas aqui instaladas são obrigadas, historicamente, a recolher percentuais substantivos de seus lucros para promover o florescimento da inovação tecnológica regional. Uma hipocrisia gritante se somarmos o que foi recolhido em 10 anos e os resultados efetivos na perspectiva da transformação, dos avanços que se observa em outras plagas que tratam o assunto com rigor e seriedade. Além do CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia, um vexame institucional e funcional desde sua fundação há duas décadas, e da Universidade Federal do Acre, que outros produtos podemos considerar bom resultado com a dinheirama recolhida? À exceção de um ou outro Instituto que empinaram projetos de monta, o que se viu foi um volume robusto de recursos ralo abaixo. Ou seja, os fundos de pesquisa tem contribuído em muito pouco com as demandas cruciais do setor. Basta ver o estado deplorável de nossos equipamentos nos Institutos de pesquisa. Não precisamos dessa modalidade de investimento para assegurar o crescimento econômico, pois onde a colher do Estado aparece a gastronomia dos investimentos desanda. Não temos elementos para acreditar na transparência e eficiência na gestão de recursos por parte do poder público, nem faz sentido trabalhar cinco meses por ano para sustentar a máquina do Estado, pesada e perdulária.

Os oráculos da cosmovisão liberal

Muitos de nós acredita que, nos minutos finais da prorrogação, haverá uma saída para a Zona Franca de Manaus, contradizendo os oráculos sombrios da cosmovisão liberal. E tudo voltará a ser como outrora, sem banzeiros nem marolas. Já mencionamos aqui os estudos da Universidade de Oxford, do Reino Unido, alertando que a tecnologia vai reduzir em até 63% os postos de trabalho no mundo e a OIT, organismo global de gestão do trabalho, já utiliza a expressão “fim do emprego” para ilustrar o tamanho da encrenca. É óbvio e determinante que a contrapartida fiscal da ZFM tem sido virtuosa na geração de empregos, embora em ritmo decrescente. O polo industrial não dispõe de um anteparo tecnológico próprio, mesmo que fabricássemos todos os celulares do Brasil estaríamos na dependência da inteligência que o produz. Perdemos esse bonde da história na medida em que, depois de 50 anos, não investimos em pesquisa, inovação e mercado com a riqueza aqui gerada e com o ambiente de negócios que deixamos de construir. Ainda dá tempo?

Temos desculpas para tudo toda vez que somos indagados sobre os resultados da contrapartida fiscal que utilizamos há 52 anos. Ficamos sem argumentos convincentes para explicar por que não adensamos para valer a produção de componentes no Polo Industrial, ou não diversificamos o perfil de produtos mais coerentes com a oferta de insumos do banco de germoplasma. Por que temos aceitado historicamente como favas contadas a não construção de parques tecnológicos que permitam transferir tecnologia para as empresas aqui instaladas ou aquelas que para cá viriam se a cultura da inovação tecnológica evoluísse? Ora, assim como na Física, ou na evolução das espécies, tudo está em movimento. Nada fica parado. Ou seja, quem não avança vai ficando para trás. Por isso, sendo bem transparentes e coerentes com o que estamos vivendo, não há como negar que estamos ficando anacrônicos. Ou seja, estamos literalmente agindo em direção oposta ao tempo. Não há justificativa plausível para isso. E o que é pior: isso se manifesta na economia, nas amarras da burocracia, nas instituições do Estado de Direito e, infelizmente, na Política, o conjunto de normas, parâmetros e estratégias de ordenamento da vida social. Precisamos quebrar os ovos da mesmice para degustar o omelete da transformação.

Pesquisa, desenvolvimento, inovação e burocratização

A verborragia do P&D&I chegou a um ponto de indigestão. Todos nos apegamos a esse catecismo sem exatamente promover o alinhamento de suas premissas. Ainda bem que atentamos para as armadilhas das patentes, um imperativo que transformou muitos de nós em bobos de uma corte de espertalhões. Rituais sagrados na fachada e estratégias travestidas no formato de canoas furadas. E essa mandracaria, na medida em que recebe atenção e intromissão do poder público, breca possibilidade da competição, vital para florescer a oferta coletiva de oportunidades e de liberdade de empreender. Um exemplo disso está ocorrendo na instalação dos pilares da Indústria 4.0, a Quarta Revolução Industrial. Puseram chapa branca no cardápio de alternativas tecnológicas.

Desperdício institucional

As empresas aqui instaladas são obrigadas, historicamente, a recolher percentuais substantivos de seus lucros para promover o florescimento da inovação tecnológica regional. Uma hipocrisia gritante se somarmos o que foi recolhido em 10 anos e os resultados efetivos na perspectiva da transformação, dos avanços que se observa em outras plagas que tratam o assunto com rigor e seriedade. Além do CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia, um vexame institucional e funcional desde sua fundação há duas décadas, e da Universidade Federal do Acre, que outros produtos podemos considerar bom resultado com a dinheirama recolhida? À exceção de um ou outro Instituto que empinaram projetos de monta, o que se viu foi um volume robusto de recursos ralo abaixo. Ou seja, os fundos de pesquisa tem contribuído em muito pouco com as demandas cruciais do setor. Basta ver o estado deplorável de nossos equipamentos nos Institutos de pesquisa. Não precisamos dessa modalidade de investimento para assegurar o crescimento econômico, pois onde a colher do Estado aparece a gastronomia dos investimentos desanda. Não temos elementos para acreditar na transparência e eficiência na gestão de recursos por parte do poder público, nem faz sentido trabalhar cinco meses por ano para sustentar a máquina do Estado, pesada e perdulária.

Os oráculos da cosmovisão liberal

Muitos de nós acredita que, nos minutos finais da prorrogação, haverá uma saída para a Zona Franca de Manaus, contradizendo os oráculos sombrios da cosmovisão liberal. E tudo voltará a ser como outrora, sem banzeiros nem marolas. Já mencionamos aqui os estudos da Universidade de Oxford, do Reino Unido, alertando que a tecnologia vai reduzir em até 63% os postos de trabalho no mundo e a OIT, organismo global de gestão do trabalho, já utiliza a expressão “fim do emprego” para ilustrar o tamanho da encrenca. É óbvio e determinante que a contrapartida fiscal da ZFM tem sido virtuosa na geração de empregos, embora em ritmo decrescente. O polo industrial não dispõe de um anteparo tecnológico próprio, mesmo que fabricássemos todos os celulares do Brasil estaríamos na dependência da inteligência que o produz. Perdemos esse bonde da história na medida em que, depois de 50 anos, não investimos em pesquisa, inovação e mercado com a riqueza aqui gerada e com o ambiente de negócios que deixamos de construir. Ainda dá tempo?

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]

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